I - Calvário

E assim lento,
Assim profundo,
Como quem nada espera
Eu te arrancaria desse espelho 
de medo
E te traria ao mundo
Com corpo, alma e veneno.
E esses teus olhos famintos
Exigiriam de mim 
Uma gota de sangue a cada novo dia.
E assim servil
Assim fiel,
Eu rasgaria minha frágil pele
Para te alimentar.
Assim passado,
Como quando te vi
Quando nós competimos 
Pela primeira vez.
E lento,
E assim envolto em minhas convulsões,
Eu te carregaria
Como a uma cruz sangrenta
Da qual não ouso me libertar.

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