LXV

Quando a gente é passarinho 
Que cantarola achando que é livre
Só porque a gaiola é grande 
E o espaço dentro é confortável 

As nossas asas começam a atrofiar 
E a gente acha que aquele esvoaçar 
De um lado ao outro das grades 
É tudo que a gente alcança 

Mas bem lá no fundo
Da nossa alma de bicho 
Que voa
A gente sabe

Que asa é matéria de céu
Que o azul é imenso e profundo 
E que o canto sem liberdade
Não é canto, é lamento.

E a gente lamenta mas sabe
Que ser livre começa de dentro 
Que um dia ao abrir a boca 
Em vez de canto, sai grito 

Aí as grades se rompem 
E as asas se levantam
Em nosso vôo mais bonito. 

XCXV

A pergunta também pode ser: Quem seria, Ou quem teria sido? Se o tempo como um líquido denso Escorre por entre os meus dedos, A pergunta tam...