XCIII

Eu não quero mais ouvir 
Nenhuma palavra que soe exata

Ou que traduza em concreto 

Sua objetividade.

Eu não quero mais sentir 

Que quem fui há um dia 

Já está perdendo a hora. 

Quero que o que importa 

Esteja suspenso no tempo 

Há dez minutos, dez anos 

Ou dez milênios. 

Quero que a palavra cresça

E que encontre infinitos sentidos 

Para fazer entender 

O que é intraduzível

XCII

O adormecer outra vez me arrebata
E me atira úmida sob tuas falésias de pedra.
Ondas selvagens que gritam
Num coro constante de inquietas vozes
São as mesmas que apagam, silenciosa 
e suavemente, as palavras escritas na areia. 
E então, outra vez me encontro 
Muda de verbos, molhada de sons
Sob os teus abismos que tudo veem. 

XCXV

A pergunta também pode ser: Quem seria, Ou quem teria sido? Se o tempo como um líquido denso Escorre por entre os meus dedos, A pergunta tam...