LXXXIV

As marcas que trago em meu corpo 
Parecem pequenos segredos 
Entre nós:
Aquela que não vê 
E aquela que não diz.
As finas linhas cobertas por tinta
E aquelas expostas, cuidadosamente 
disfarçadas entre dobras e articulações.
A pequena ponta de lápis 
Fincada na palma da mão
E um desejo que nunca morre 

Cravado no coração.

LXXXIII

Se eu não sufoco tudo em mim 

que sente 

Tudo em mim que chora 

Tudo em mim que cai 


Se eu não silencio tudo em mim 

que grita 

Tudo em mim que pensa 

Tudo que questiona 


Eu afundo 

E eu tropeço 

Nos galhos de mim 

que insistem em brotar 


E eu sangro em pedaços de fruta

Que caem ao chão 

E alimentam bichos 

Por efêmeras semanas de outono 


Ou apodrecem 

E exalam um perfume doce 

E enjoativo 

Daquilo que não se deve provar 

LXXXII

Aponto 

o contraponto 

Do fato 


O tato 

me espreita

Silencioso e rústico 


Nato 


A sombra do ido 

Me atormenta 


o passo 

Alerta e preciso 

LXXXI - plural

Eu quero pensar em romance

Mas cuspir com a boca vil

A palavra do fogo que me consome 


Quero verter a força de um rio 

Que subitamente aumenta o alcance

Enche e transborda, deságua e some


Eu quero a entropia em transe

Com o beijo caótico e um grito gentil 

Que explode de mim ou me mata de fome.

XCXV

A pergunta também pode ser: Quem seria, Ou quem teria sido? Se o tempo como um líquido denso Escorre por entre os meus dedos, A pergunta tam...