O vermelho desbotado das minhas unhas
Destoa do dia cinzento lá
fora.
A chuva cai como pedra
Latejando em minha cabeça,
Martelando idéias há
muito esquecidas.
Hoje você foi embora.
Partiu sem ao menos olhar
pra mim,
Sem pedir um último beijo,
Sem implorar para que eu te encontre,
Como tanto fiz no passado.
A música que ouço soa triste e
vazia,
A minha consciência um pouco pesada,
Talvez, não mais do que eu,
Do que a preguiça que me
arrasta
E me faz querer dormir.
Penso em me afogar em tua saliva,
No beijo que
me negas,
No sexo que não provei.
Começo a esquecer o teu cheiro,
Mas a chuva
me lembra de cada palavra,
Me lembra das noites em claro e do teu rosto,
Mentira que corrói minha alma,
Que me faz acreditar na tua
dor,
Tão irmã da minha! Teus lábios vermelhos,
Macios, sempre fiéis aos meus.
Quase dormindo, ouço a chuva
Lavando aquele dia cinzento,
lavando as
feridas que o banho,
Tão demorado, não lavou.