Desse jeito que a gente não escolhe
As maneiras tortas por onde o carinho cresce
Por onde uma mão encontra a outra
E o afago da boca na curva do pescoço
Que não é beijo, é cheiro,
Se sente com os lábios entreabertos;
Dessa forma que a gente nunca sabe
Quais sementes vão brotar em flores
E quais flores vão servir de encanto
Para amores que contemplam o mundo sorrindo;
A gente nunca, nunca mesmo entende
Que nenhum silêncio cala os olhos que se encontram
E admiram juntos as cores da chuva
Os tons de verde que se desenham
Na forma do mar agitado
Nas ondas que sobem selvagens,
Na íris colorida e profunda
Onde moram os segredos das águas;
Desse jeito que a gente não escolhe.