LXXVII - Eu, tu, nós

Numa noite vejo teu rosto 

Sinto teu cheiro, rio em teu riso 

Derreto em teus dentes, lindos 

Me pego olhando de perto, tão perto

O sinalzinho na ponta do teu nariz 

E de repente, você é minha 

Sem nunca deixar de ser sua 

(E estou feliz) 


Noutra noite caio em teus braços 

Nas mãos que me encontram há tanto tempo 

Em tantas vidas 

Vejo teu olho, sou tua presença 

Me pego notando os fios da tua barba

E de repente, sou tua 

Sem nunca deixar de ser minha 

(E estou feliz) 


Hoje à noite vejo você 

Tão real ao meu lado 

Sorrindo em me ver

Sinto tua paz, vivo teu jeito 

E de repente, estou feliz, e só. 

LXXVI - Ouroboros

É difícil se esconder de si 

E fugir do seu próprio destino

Se é que o destino existe

Se é que não são nossos passos

Que definem o nosso caminho

É duro só saber de si 

Até o ponto em que se confunde 

Até a hora em que se esvai 

Toda e qualquer sobriedade;

Quando bêbada e estremecida 

Não de algo tão vil quanto o mundo 

Mas da doce e sutil nostalgia 

Me desencontro em passados infinitos 

Que nunca sequer existiram.

É estranho saber tão pouco 

E ao mesmo tempo, entender tudo. 

XCXV

A pergunta também pode ser: Quem seria, Ou quem teria sido? Se o tempo como um líquido denso Escorre por entre os meus dedos, A pergunta tam...