V

Como pode o teu rosto esvair-se assim,
Um verme neste meu túmulo de faces ocultas?
Como pode o silêncio multiplicar-se,
Ardendo em memórias ensurdecedoras
A teu respeito;
Como pode a imagem de um sonho
Assassinar friamente a realidade
E o teu apego tão infantil
Calar o infame mistério das horas?
Como, longe deste mundo cansado e febril,
Pode a tua língua vestir a minha
Com a frieza da noite que nos envolve?
Pode o teu corpo abraçar o meu,
Despido da involuntariedade,
E no eterno segundo em que te olho,
Pode o teu cheiro perder-se
Em mares engasgados de sonhos
E desejos irreparáveis.

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