LXXV

Me pergunto quem eu era 

E por onde andei enquanto fui.

Me convenço com pensamentos vagos

De que fui quem poderia ser 


Me digo e repito e retorno 

E teimo em dizer que minto.

Abraço estranhas sensações 

Que volta e meia me assombram 

Em uma esquina casual

Em um deslize sutil 


Luto com desejos feios 

Que eu mesma pinto 

Eu mesma vejo

E eu mesma julgo. 


Me cubro de todas as cores 

Em arco-íris solitários 

Que saltam aos olhos nos dias 

Em que a chuva paira no céu cinzento 

E me cubro de cinzas, em concreto gelado

Nos dias em que o sol se despe.

XCXV

A pergunta também pode ser: Quem seria, Ou quem teria sido? Se o tempo como um líquido denso Escorre por entre os meus dedos, A pergunta tam...