LXXIV - Quando não dói

Vem de um jeito avassalador

Arrebentando portas 

Fechando janelas

Vem tão perto que não há refúgio 

Não há canto ou aresta 

Onde eu possa me esconder.

Os olhos não mentem

O riso frouxo 

Disfarça as fagulhas que ardem 

Atrás de uma face transtornada. 

Posso escutar o ranger dos dentes 

E das navalhas 

Esperando para pingar de raiva e de sangue.

Vem de um jeito que não tem remédio 

Se não o amargor no fundo da boca 

O sono que entorpece

Mas os olhos não mentem 

E amanhã, uma nova marca 

Quando não pele, 

Alma. 

XCXV

A pergunta também pode ser: Quem seria, Ou quem teria sido? Se o tempo como um líquido denso Escorre por entre os meus dedos, A pergunta tam...