Um corpo estranho, uma voz que chama
Sempre suave demais.
Um sonho de dor e presença, calor e atração.
Mil vultos me cercam, rindo em silêncio
E aplaudindo de pé esse mórbido engano.
Uma máscara apenas; meu corpo é nu,
E agitado, sob uma luz bruxuleante
Treme de prazer e alienação.
Há um fio de sangue enrolado em meu peito
Frágil demais, simples demais,
Meus olhos vidrados só fitam o medo,
E o riso, sempre estampado
Limpo demais, triste demais.
A música agora fere os meus tímpanos
Mas eu continuo a dançar;
Um balé esquisito de pernas,
Beijos e lágrimas.
No teatro vazio coberto de espelhos,
Um mar de rostos sem inspiração;
Há prisões maiores que o desespero:
Meu nome é Água, minha alma é Fogo,
Minha vida é Terra, minha sina é Ar.