Se num momento qualquer eu pudesse
Arrancar as raízes da insatisfação
Que se arrasta pelas esquinas infinitas
Como olhares malditos de tédio;
Se num instante qualquer eu ousasse
Servir-me a cada bel vontade
Do sumo amargo que outrora bebi;
Subiria então aos sete céus vermelhos
Que expiam cá na Terra suas doces iniquidades
E iria sozinha, perdida e tranquila
Para o mar sem nome onde a morte deságua.
XXVI - Liberta Quae Sera Tamen
Trago
em meu olhar
A utopia gravada a sangue,
A inocência do desespero,
O sabor amargo da desilusão.
A inocência do desespero,
O sabor amargo da desilusão.
Agrego em meu corpo marcado
A sede pura e insaciável,
A sentença cruel dos injustiçados,
O peso morto da inquietação.
Carrego pela saudade
O calor urgente da independência,
O mistério maldito da transformação.
Liberto pela tempestade
Os demônios revoltos da solidão,
A magia inútil da realidade
E os vícios fúteis do meu coração.
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