XXII

Gosto quando assim em segredo
Conta-me tuas verdades lavadas
Em lágrimas de cumplicidade

Gosto quando entre os meus dedos
Entrelaça os teus cheios de história

Gosto quando me vês crescendo
Como a lua que me enamora
E num efêmero momento
Muda de cor, muda de fase

Muda de satisfação
Gosto quando me alimenta
O corpo, a vida e a alma.

XXI

A saudade consome o meu peito
De dores infames e amargos ardis.
Apesar da intenção honesta
E da pura vontade de desolação.
Consome os meus olhos cerrados,
Num sonho intranquilo de reencontro;
Como noutras tantas vidas,
Perdidas em prantos e desilusões.
Saudades tuas, que já não toco,
Já não imagino nas noites sem lua.
Só compro o sorriso de tanto passado,
Num surto sem nexo de recordações.
A saudade importuna os meus lábios
Aflitos, calados de submissão,
Ao pagar de imagens as cruéis vitórias
E os momentos perdidos na maré do tempo.
O perdão se apagou do meu triste desejo,
Senhor do pecado e da imaginação.
Sua alma corrompe a saudade vazia
Que invade os sonhos da minha rotina
Fatigada de vontades negadas,
E absolutas contradições.
A saudade consome o meu equilíbrio,
O gatilho puxado, a lembrança sutil.
Consome a memória de valores findos
E o riso assaltado na contramão.
A saudade consome sem intervalos,
Sem avisos, pedidos; na solidão.
A saudade consome o meu peito marcado,
Apesar do presente, além da paixão.

XX

Entre os cacos da sobrevivência
A dor oculta espasmos de prazer,
Inconscientes, ardentes,
De insanidade cruel e prevista.

Os meus sonhos embaralham a realidade

E ainda sinto na boca o gosto da perda,
Sem sentido,

Os teus olhos amargam a minha leveza

E em qualquer lugar me vigiam,
Agarrando os reflexos desta loucura
Cuja aura bêbada me entontece.

XCXV

A pergunta também pode ser: Quem seria, Ou quem teria sido? Se o tempo como um líquido denso Escorre por entre os meus dedos, A pergunta tam...